A pandemia do coronavírus pegou toda a população de surpresa e na tentativa de minimizar a transmissão e o contágio com o novo vírus, veio a quarentena. Chegada de novas informações a todo instante, conversas apenas por telefones e saídas somente emergenciais foram fatores que geraram estresse e solidão para muitos seres humanos, principalmente, os idosos. Devido a imunidade baixa, a maior exposição a comorbidades e as limitações físicas, os idosos entram no grupo de risco, possuindo mais chance de terem danos graves pela infecção do vírus SARS-CoV-2.
Neste grupo etário, os efeitos emocionais e físicos podem ser ainda maiores. Dentre os efeitos psicológicos que o distanciamento social pode desencadear neste grupo estão a insônia, o medo de ser contaminado, a ansiedade, as preocupações com os seus entes queridos e a frustração por não saber quando a situação será controlada. Ademais, aspectos como aumento da solidão e a redução das interações sociais são fatores de risco para vários transtornos mentais, como a depressão geriátrica (Rocha et al., 2020).
O Programa de Atenção ao Idoso (PAI) do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE) realizou um levantamento que constatou aumento de 15,38% dos níveis de ansiedade de idosos durante a pandemia, mostrando uma alta de 7,14%, nas questões relacionadas à depressão e insônia. A depressão sentida pelos idosos pode ser grave e influenciar negativamente na vida das pessoas mais próximas, além de fragilizar ainda mais o sistema imunológico, por estar em condições estressantes. (Silva, 2021).
Em razão do desenvolvimento dessas emoções negativas, houve um aumento importante de novos casos de transtornos psicológicos, tornando a população que não possui uma rede de apoio presente, durante e após o isolamento social, mais suscetíveis a estes transtornos. Como consequência das medidas de segurança através do isolamento social, a população idosa que antes praticava atividades ao ar livre passou a sair cada vez menos de suas casas, por vezes priorizando a segurança e por outras por medo do desconhecido. Portanto, esses fatores estabelecem uma situação complexa, tanto psicologicamente quanto fisicamente, pois os idosos precisam manter a mente e o corpo ativos (Silva et al., 2020).
No caso dos idosos, tanto o aumento da pressão e dos níveis de colesterol quanto a diminuição na capacidade cognitiva e o agravamento de quadros depressivos podem ser potencializados pela sensação de isolamento e solidão (Previva, 2022). Além disso, devido ao isolamento social, muitos idosos deixaram de realizar seus acompanhamentos de rotina, check ups e tratamentos nos consultórios e hospitais, o que pode gerar uma série de complicações na saúde da pessoa idosa.
Por fim, é possível notar que apesar do distanciamento social ser uma medida excepcional para conter a transmissão do coronavírus, é muito importante que o idoso seja estimulado a praticar atividades físicas e cognitivas, além de seguir com suas consultas de rotina, a fim de garantir a promoção da saúde física, mental e o bem-estar biopsicossocial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ROCHA, Saulo Vasconcelos et al. A pandemia de COVID-19 e a saúde mental de idosos: possibilidades de atividade física por meio dos Exergames. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 25, p. 1-4, 2020. Disponível em: https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/14424/11073
MONTEIRO, I. V. L.; Figueiredo, J. F. C.; Cayana, E. Z. Idosos e saúde mental: impactos da pandemia COVID-19. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 2, 2021. Disponível em: https://brazilianjournals.com/ojs/index.php/BJHR/article/view/26713/21161
SILVA, Marcos Vinicius Sousa et al. O impacto do isolamento social na qualidade de vida dos idosos durante a pandemia por COVID-19. 2020. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/prefix/15121/1/O%20impacto%20do%20isolamento%20social%20na%20qualidade%20de%20vida%20dos%20idosos%20durante%20a%20pandemia%20por%20COVID.pdf
Saúde mental dos idosos e coronavírus: um olhar importante. [S. l.], 4 jul. 2020. Disponível em: https://psiquiatriapaulista.com.br/saude-mental-dos-idosos-e-coronavirus-um-olhar-importante/. Acesso em: 3 ago. 2022.
SILVA, Guilherme Zaia. Pandemia faz ansiedade e depressão em idosos crescer. [S. l.], 12 abr. 2021. Disponível em: http://www.metodista.br/rronline/pandemia-faz-ansiedade-e-depressao-em-idosos-crescer. Acesso em: 3 ago. 2022.
NURSING. Levantamento realizado pelo Hospital do Servidor Estadual revela aumento da ansiedade entre idosos durante pandemia. [S. l.], 13 jan. 2021. Disponível em: http://www.revistanursing.com.br/levantamento-realizado-pelo-hospital-do-servidor-estadual-revela-aumento-da-ansiedade-entre-idosos-durante-pandemia/. Acesso em: 2 ago. 2022.
PREVIVA. O impacto do isolamento social em idosos durante a quarentena. [S. l.], 6 abr. 2022. Disponível em: https://previva.com.br/impacto-do-isolamento-social-em-idosos/. Acesso em: 4 ago. 2022.